Superbactérias brasileiras: UFRN cria consórcio que “devora” óleo tóxico


Com o apoio do supercomputador do Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD), vinculado ao Instituto Metrópole Digital (IMD), pesquisadores do Departamento de Biologia Celular e Genética (DBG) e do Departamento de Bioquímica (DBQ) da UFRN analisaram dados genéticos complexos e identificaram genes essenciais para a limpeza de ambientes contaminados por resíduos oleosos. O núcleo auxiliou no processamento dos dados de sequenciamento de RNA, fundamentais para compreender como uma mistura de bactérias atua na degradação de hidrocarbonetos  — compostos tóxicos e persistentes.

A pesquisa, publicada na revista Journal of Hazardous Materials, desenvolveu o consórcio microbiano MC1, formado por quatro espécies de bactérias que atuam de forma complementar, cada uma responsável por enzimas específicas no processo de degradação. A premissa do estudo surgiu para apresentar uma nova alternativa a um dos principais desafios da biotecnologia ambiental: nenhuma espécie de bactéria, sozinha, consegue degradar todos os compostos presentes em uma mistura complexa de hidrocarbonetos.

A pesquisa revelou que o MC1 apresenta um processo de degradação eficiente, com redução significativa do conteúdo de hidrocarbonetos em resíduos industriais e potencial para aplicação em larga escala. Segundo a pesquisadora Lucymara Fassarella, do DBG, os resultados da pesquisa podem orientar futuras estratégias para tratamento e recuperação de ambientes contaminados, inclusive com possibilidades de reutilização da água. 

“O impacto social é significativo, pois a pesquisa oferece uma solução sustentável e econômica para o tratamento de resíduos oleosos, que são altamente tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente”, explicou Lucymara, destacando o papel da diversidade microbiana como recurso estratégico na redução da contaminação ambiental.

O diferencial do MC1 está na flexibilidade metabólica. Análises metatranscriptômicas revelaram que o consórcio ativa rapidamente genes ligados à adaptação ao ambiente tóxico e à degradação de compostos perigosos, como benzeno e naftaleno. Um dos genes em destaque, o AlkB — que codifica a enzima Alk1-monooxigenase — apresentou aumento de atividade nas últimas etapas do processo, reforçando a eficiência do consórcio na descontaminação.

De acordo com Lucymara, o próximo passo da pesquisa é aprofundar os estudos sobre as funções das proteínas hipotéticas identificadas e otimizar as condições de cultivo para maximizar a eficiência do consórcio em diferentes tipos de resíduos. Além disso, há interesse em explorar a aplicação do MC1 em escala industrial, abrindo caminho para uma solução mais limpa e sustentável para o meio ambiente.

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