Beatriz Lamper Martinez, nutricionista de 48 anos, sempre teve dificuldades em lidar com relações sociais e emoções intensas desde a infância, mas só em setembro do ano passado recebeu um diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA). Ela buscou ajuda após anos de tratamentos para depressão e ansiedade sem sucesso. O diagnóstico tardio permitiu que Beatriz entendesse melhor suas crises, que antes eram confundidas com recaídas de depressão, e a trouxe alívio, mas também novos desafios sociais, principalmente com a resistência de pessoas próximas.
Assim como Beatriz, a publicitária Cecilia Avila, de 24 anos, também recebeu o diagnóstico de TEA no ano passado, após se identificar com características que compartilhava com um colega. Desde a infância, Cecilia enfrentava dificuldades sensoriais e relações sociais complicadas, o que a levou a mascarar seus comportamentos. Ela acredita que fatores como falta de informação e apoio familiar contribuem para o diagnóstico tardio, e vê o diagnóstico como uma forma de se entender melhor e melhorar sua qualidade de vida.
Especialistas afirmam que o diagnóstico tardio de TEA, embora desafiador, é fundamental para a compreensão das características e dificuldades do indivíduo, permitindo que ele tenha acesso a tratamentos e suporte adequados. Leandro Cunha, psicólogo, explica que a falta de conhecimento e a minimização dos sinais do TEA em adultos contribuem para diagnósticos tardios. Ele alerta que a ausência de um diagnóstico pode acarretar dificuldades em diversas áreas da vida, como no ambiente de trabalho e nas relações pessoais.
O diagnóstico, mesmo tardio, ajuda a pessoa a entender suas limitações, como dificuldades em interações sociais ou reações sensoriais, e pode ser a chave para um maior bem-estar emocional e inclusão social. Tanto Beatriz quanto Cecilia relatam que, ao se conhecerem melhor, passaram a lidar com seus desafios de maneira mais assertiva, apesar das dificuldades de aceitação social e resistência de algumas pessoas ao seu redor.
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