Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com o Instituto Santos Dumont (ISD), desenvolveram uma tecnologia inovadora voltada para a identificação precoce da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). O dispositivo permite o monitoramento contínuo da progressão da doença e pode ser utilizado em diferentes contextos, como ambientes clínicos, domiciliares ou ambulatoriais.
os pesquisadores realizaram a proteção intelectual e industrial através de um depósito de pedido de patente no mês de novembro, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) sob o título Dispositivo de Coleta de Dados de EMGs e ACC, método de processamento dos dados e sistema para análise cinemática e de desempenho físico funcional de pessoas com Esclerose Lateral Amiotrófica.
A tecnologia utiliza dados eletromiográficos (EMGs) e de aceleração (ACC), aliados a algoritmos de aprendizado de máquina, para identificar biomarcadores como níveis de fadiga muscular. De acordo com a mestranda Ana Paula Mendonça Fernandes, uma das responsáveis pelo projeto, o equipamento permitirá diagnósticos mais rápidos e auxiliará profissionais de saúde na prescrição de tratamentos personalizados.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS), localizado no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), e o ISD. A orientadora do projeto, Ana Raquel Rodrigues Lindquist, doutora em Ciências Fisiológicas, destaca o caráter inovador da tecnologia: “O sistema é portátil, de baixo custo e não invasivo, permitindo uma análise detalhada dos sinais biológicos e facilitando o diagnóstico precoce e a tomada de decisão terapêutica”.
Os protótipos estão em fase de validação laboratorial, no Nível de Maturidade Tecnológica 4 (TRL 4), conforme a norma ISO 16290:2013. A expectativa dos pesquisadores é que, no futuro, os algoritmos do dispositivo possam ser integrados a órteses pneumáticas, auxiliando movimentos específicos de pacientes, como a abertura e o fechamento das mãos, conforme os níveis de fadiga identificados.
Danilo Alves Pinto Nagem, professor do Departamento de Engenharia Biomédica da UFRN, ressalta que a tecnologia também contribui para a redução da lacuna de conhecimento sobre a análise biomecânica da ELA, além de criar possibilidades para novas aplicações em outras doenças neuromusculares.
O desenvolvimento contou com a participação de cientistas do LAIS, do ISD e de bolsistas de iniciação científica da UFRN. Para os pesquisadores, a patente reforça a importância da inovação acadêmica, evidenciando a originalidade e o impacto dos estudos em soluções práticas para desafios da saúde pública.
Ana Bezerra/ Inf. Agecom
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