Se o café já era indispensável para começar o dia, agora também está pesando no bolso. Em 2024, o preço do produto subiu 33%, segundo o IBGE, e novos aumentos estão a caminho. O clima desfavorável e a alta do dólar, que valorizou 24% no ano, têm pressionado os custos de produção e impulsionado as exportações, reduzindo a oferta no mercado interno.
A saca de café arábica dobrou de preço, saltando de R$ 990 para R$ 2,1 mil, enquanto o conilon teve alta de 115%, chegando a R$ 1,7 mil, de acordo com o Cepea/Esalq-USP. Esse cenário impacta diretamente o consumidor, que já sente o reflexo nas prateleiras. Em novembro, o quilo do tradicional café extraforte atingiu R$ 48,51, e a previsão da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) é de mais reajustes: até 15% ainda este mês e novos aumentos em janeiro de 2025.
De acordo com as a Associação Brasileira da Industria do Café (Abic), o preço não deve recuar antes de março. A indústria está sendo obrigada a repassar o custo ao varejo. Cerca de 70% do custo de produção da torrefação vem da matéria-prima, o que explica a alta.
Além disso, a próxima safra está estimada em 34,4 milhões de sacas de arábica, 11 milhões a menos que o previsto, sinalizando um déficit de 8,5 milhões de sacas em 2025/2026. Para piorar, produtores estão priorizando o mercado externo, onde conseguem preços melhores, ampliando a pressão sobre o mercado interno.
Para o consumidor, isso significa reajustes mais frequentes e mudanças de estratégia por parte das grandes marcas. Empresas como a Nestlé têm apostado em embalagens menores e repassado os custos de forma gradual.
Em Natal, o pacote de 250g está em torno de R$ 12, dependendo da marca.
Enquanto isso, o café, antes visto como item básico, assume o papel de luxo da cesta de compras, exigindo um gole extra de paciência – e de planejamento financeiro – para quem não abre mão dessa paixão nacional.
Ana Bezerra/Redação
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