Uma nova subvariante do vírus HIV foi identificada no Brasil, em uma descoberta feita por pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com uma instituição sul-africana. A nova cepa, batizada de CRF146_BC, é uma recombinação genética dos subtipos B e C, os mais comuns no país, e foi detectada em amostras de pacientes soropositivos no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia.
A descoberta foi publicada na última sexta-feira (16/8) na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. O estudo começou com a análise de uma amostra coletada em 2019 de um paciente em tratamento em Salvador. Com base em dados nacionais, os cientistas identificaram outras três amostras semelhantes em diferentes estados, todas relacionadas geneticamente, sugerindo que a subvariante pode ter se originado de uma única pessoa co-infectada com os subtipos B e C do HIV.
O processo de recombinação ocorre quando duas variantes do HIV infectam a mesma célula, criando híbridos durante a replicação do vírus. Esses híbridos podem resultar em novas variantes, como a CRF146_BC. Embora o subtipo B seja o mais prevalente no Brasil, a maior parte do material genético da CRF146_BC vem do subtipo C, o que sugere que essa subvariante pode ter vantagens adaptativas que favorecem sua replicação.
Ainda não se sabe se a nova subvariante é mais transmissível ou se influencia a progressão da infecção para a AIDS. No entanto, os cientistas afirmam que o tratamento padrão com antirretrovirais (ARVs) continua eficaz para todos os subtipos de HIV-1, incluindo o novo recombinante. A equipe da UFBA e Fiocruz continuará monitorando a disseminação da CRF146_BC e outras possíveis variantes para garantir a eficácia das estratégias de tratamento e prevenção.
