Por Ana Bezerra
O que acontece quando o homem mais rico do mundo entra em conflito com um dos mais poderosos magistrados de um país? A resposta, ao que parece, é um adeus às operações do X, antigo Twitter, em terras brasileiras. Em uma situação carregada de tensão, a plataforma, sob o comando de Elon Musk, anunciou no último sábado (17) o encerramento de suas atividades corporativas no Brasil, enquanto os usuários ainda podem respirar aliviados: seus tweets seguirão voando por aqui.
O pivô desse embate? O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com fontes, Moraes teria alertado sobre a possibilidade de prisão do representante legal do X no Brasil, caso a plataforma não cumprisse "ordens de censura" determinadas por ele. Tais ordens, relacionadas ao bloqueio de conteúdos considerados inadequados ou perigosos, teriam sido recebidas com resistência por parte de Musk e sua equipe.
Adeus ou até logo?
Em comunicado oficial, a empresa lamentou o que chamou de "falta de diálogo" e de transparência em relação às decisões do STF. Para Musk, o problema é maior do que um simples conflito jurídico. "Democracia ou Alexandre de Moraes", foi a escolha que ele sugeriu aos brasileiros, em um tweet que não demorou a repercutir.
Apesar do barulho, o serviço não será descontinuado. Usuários ainda poderão se conectar, brigar por likes, ou buscar as últimas fofocas políticas e memes do momento. O que muda, e muito, é a presença oficial da empresa no país, o que pode ter implicações para parcerias, anúncios e o suporte aos usuários.
Esse embate levanta uma questão maior que, nos últimos anos, vem fervendo no Brasil e no mundo: onde está a linha entre a liberdade de expressão e a responsabilidade de conter desinformação ou discurso de ódio?
Moraes, com seu histórico de decisões duras contra a disseminação de fake news e ataques às instituições, se tornou uma figura polarizadora no Brasil. Enquanto muitos o veem como um defensor da ordem e da verdade, outros o acusam de extrapolar os limites da autoridade judicial.
Por outro lado, Musk se apresenta como um campeão da liberdade digital, defendendo que as redes sociais devem ser um espaço livre para todas as vozes, sem o peso da intervenção estatal.
O encerramento das operações da plataforma no Brasil deixa uma série de perguntas no ar. Sem uma presença oficial, como ficará a relação do X com as autoridades brasileiras? E para os usuários, o que muda?
Enquanto essas questões permanecem sem resposta, uma coisa é certa: a encruzilhada entre big techs e governos está apenas começando. E como qualquer bom tweet, a história ainda não acabou – ela só está começando a ganhar retweets.
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