Redação,Via Certa
A venda interna de máquinas agrícolas e de construção em abril somou 2,4 mil unidades, anotando queda de 41,8% em relação a março e 23,9% na comparação com abril de 2019. A retração no setor foi menor que a registrada no mercado de automóveis e veículos comerciais porque as vendas aqui são medidas pelo repasse das fábricas à rede de concessionárias, não por emplacamentos como em veículos leves, caminhões e ônibus. E os emplacamentos foram muito afetados pela prevenção à Covid-19.
No acumulado do ano as máquinas totalizaram 11,9 mil unidades, registrando queda de 4,6% na comparação com o primeiro quadrimestre do ano passado. Os números foram divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O vice-presidente da Anfavea, Alfredo Miguel Neto, recorda que mais do que olhar os números de vendas é importante analisar os desembolsos do Moderfrota, linha de crédito utilizada basicamente por produtores médios.
“Na semana de 30 de março eles somaram R$ 101 milhões. Na semana do dia 13 de abril houve um salto para R$ 284 milhões e na semana seguinte, do dia 20, caíram para R$ 44 milhões, um movimento que acompanhou o ‘humor’ do mercado. Até então esses desembolsos estavam na casa dos R$ 100 milhões”, recorda o executivo.
Miguel Neto recorda que o setor precisa de mais previsibilidade, porque apesar da pandemia de Covid-19 o Brasil terá nova safra recorde este ano, com 252 milhões de toneladas, com alta na produção de soja, além de preços e negociações favoráveis não só com a China, mas com outros mercados.
Ele atribui a queda nas vendas em abril especialmente ao comportamento do produtor rural, que está receoso em investir em equipamentos e mais preocupado neste momento em honrar compromissos anteriores. Outro motivo é a retração na venda de máquinas de construção porque “os investimentos em obras de infraestrutura continuam lentos”, afirma. Ele também admite que o cancelamento de feiras agrícolas terá reflexos nas vendas do setor.
A análise por tipo de máquina mostra que a venda de tratores de rodas (segmento de maior volume) teve 1,9 mil unidades entregues em abril, 38% a menos que em março. No acumulado foram 8,8 mil tratores, com retração de 5,2%.
Para as colheitadeiras, as 172 unidades entregues em abril resultaram em queda de 55,8% em relação a março. No quadrimestre, com 1,2 mil máquinas, a retração é de 32,7%.
PRODUÇÃO DE MÁQUINAS É QUASE IGUAL À DE VEÍCULOS
As indústrias de máquinas agrícolas associadas à Anfavea produziram em abril 1,7 mil máquinas agrícolas e rodoviárias, volume 59% menor que o anotado em março e 60,3% abaixo do registrado em abril.
O volume em abril ficou muito próximo ao da produção de autoveículos, que somou 1,8 mil, embora a demanda por equipamentos agrícolas e de construção seja bem menor que a de autos, comerciais leves, caminhões e ônibus. “As fábricas de máquinas pararam em média 20 dias”, recorda Miguel Neto. No entanto, boa parte da produção de veículos permanece parada. No acumulado do ano a produção de máquinas somou 12,1 mil unidades, registrando queda de 20,6%.
IMPACTO NAS EXPORTAÇÕES ERA ESPERADO
Os embarques de máquinas somaram em abril 477 unidades, 51,1% a menos que em março e 62,1% abaixo de abril do ano passado. A retração era esperada pela Anfavea, como em outros segmentos, porque os principais parceiros comerciais também adotaram restrições ao comércio externo para conter a Covid-19.
Miguel Neto recorda que as exportações estão concentradas na Argentina, Estados Unidos e Europa, todos afetados pelo coronavírus. O acumulado do ano teve 2,8 mil máquinas enviadas ao exterior, 28,5% a menos que em iguais meses do ano passado.