Anfavea culpa instabilidade política por piorar crise

Redação,Via Certa

Anfavea culpa instabilidade política por piorar crise

O presidente da Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos instalados no País, não poupou críticas ao governo e aos políticos durante a divulgação do mais recente balanço de desempenho do setor, na sexta-feira, 8. Luiz Carlos Moraes culpa a instabilidade política, “que gera mais de uma crise por dia”, pelo agravamento da crise econômica que torna mais dramática e difícil a superação de todas as dificuldades trazidas pela pandemia de coronavírus.

Moraes reconhece que a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, e a paralisia da economia que ela provoca é a causa no momento da maior crise econômica contemporânea global que se tem notícia, mas pondera que no Brasil a situação é pior por causa da “falta de sensibilidade dos políticos para a gravidade do problema” e “falta de agilidade e coordenação” dos poderes em “tomar medidas para mitigar os efeitos da pandemia”.

“A situação se deteriorou muito rapidamente no Brasil. O dólar já passou de R$ 5,80 apesar de o Banco Central já ter queimado US$ 50 bilhões para conter a desvalorização, isso é uma das discrepâncias causadas pela instabilidade política do País, todos dia acontece uma crise política. Então o problema não é econômico, mas político, institucional, que gera descoordenação para enfrentar a pandemia. Infelizmente temos políticos que ainda não perceberam a gravidade dessa crise”, afirmou Luiz Carlos Moraes.

O presidente da Anfavea destacou a deterioração dos indicadores econômicos. “Inflação e juros são os únicos números bons, mas por maus motivos, porque o desemprego é elevado e os índices de confiança não param de cair”, apontou. “Já se fala em queda do PIB de mais de 4% este ano. Isso poderia ser menos grave se houvesse mais sensibilidade dos políticos na condução da crise. Não tenho dúvidas de que haverá recessão, mas o tamanho dela está diretamente ligado à agilidade em tomar medidas para mitigar os graves problemas financeiros que as empresas estão enfrentando com a pandemia”, alertou.

“BARULHO EM BRASÍLIA” DETERIORA ECONOMIA

Moraes defende que sejam tomadas medidas urgentes para atenuar a curva da recessão que virá. Segundo ele, a Anfavea já levou propostas ao governo, algumas acatadas como a flexibilização de jornada de trabalho e redução de salários incluídas na Medida Provisória 936, outras em análise como o uso de créditos tributários para dar garantia a empréstimos bancários com juros reduzidos, e deverá encaminhar outras demandas.

Foi para defender essas posições, segundo Moraes, que havia representante da Anfavea em reunião com ministros no Planalto, na quinta-feira, 7, que culminou na inesperada marcha liderada pelo intempestivo mandatário da República que atravessou a Praça dos Três Poderes até o Supremo Tribunal Federal. “Defendemos conceitos e não discutimos política”, justificou o presidente da Anfavea.

“Temos de trabalhar junto com o poder público para achatar a recessão. Legislativo e Executivo precisam entender isso. Mas infelizmente vemos políticos propondo aumento de salários a servidores públicos; não entendo como alguém pode discutir isso nesse momento em que empresas estão reduzindo salários e podem demitir”, critica Moraes.



“Olho para os ‘invisíveis’ e vejo que mais de 50 milhões de pessoas ou talvez até 70 milhões no País vão precisar da ajuda emergencial do governo de R$ 600; e querem aumentar salários do setor público? Infelizmente tem gente em Brasília que não percebeu o tamanho da crise econômica que estamos passando. Quanto mais barulho em Brasília, mais problemas a economia terá”, resume o presidente da Anfavea.

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