Ver e ser visto torna o trânsito mais seguro

Regra vale para todos, sejam motoristas, motociclistas, ciclistas ou pedestres

Acidentes de trânsito podem ser provocados pela falta de visibilidade do motorista. O que mostra que trafegar em segurança depende muito da capacidade do condutor ver o que está à sua volta e também de ser visto pelos demais.

A visão é responsável por 90% das informações necessárias para uma direção segura, de acordo com publicação do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil) [http://www.abla.com.br/visibilidade], e diversos fatores podem interferir na visibilidade do condutor, como luminosidade, cores, condições climáticas, horário, tipo de veículo, películas ou adesivos nos vidros e objetos que tapem o vidro traseiro. Segundo o diretor da Perkons, empresa especializada em gestão de trânsito, Luiz Gustavo Campos, no caso da luz, por exemplo, tanto a intensidade quanto a variação podem afetar a capacidade de ver. “Vias bem iluminadas e veículos com o sistema de iluminação em perfeitas condições trazem mais visibilidade e segurança ao motorista”, observa Campos.

Ao realizar uma manobra ou a mudança de faixa, é possível que o condutor se surpreenda com o aparecimento de outro veículo que, até então, não estava em seu campo de visão, o chamado ponto cego. De acordo com o especialista do Cesvi Brasil, Emerson Farias, todos os veículos possuem áreas que dificultam a visibilidade, mesmo através dos espelhos.
Os automóveis possuem quatro zonas de pontos cegos: frontal, traseira e as laterais, que podem ser causadas por colunas de sustentação do teto; encostos de cabeça traseiros; luz de freios junto ao vidro traseiro; limpadores dos vidros traseiros; aerofólio; objetos colocados no tampão traseiro; e adesivos colados no vidro traseiro.

A recomendação do especialista para melhorar a visibilidade é realizar as regulagens dos espelhos retrovisores - tanto do central, como dos laterais - para reduzir ao máximo os pontos cegos do veículo. “É indicado que o retrovisor central permita visualizar o máximo possível do vidro traseiro e que os retrovisores laterais estejam posicionados de forma que seja vista o mínimo possível da lateral do veículo”, explica Farias.

Os cuidados também devem ser tomados com as luzes de indicações. A utilização do pisca alerta, por exemplo, deve acontecer somente quando o veículo estiver parado. Em caso de neblina, é necessário reduzir a velocidade, acender a luz baixa e o farol de neblina. Utilizar-se do farol alto apenas em situações com pouca iluminação e quando não há outros veículos transitando no local, já que pode reduzir a visibilidade do condutor de outro automóvel.

Os motociclistas devem ter cuidados especiais. As motos são pequenas e seus condutores têm o hábito de circular entre as faixas e bem próximas aos veículos, com isso se escondem nos pontos cegos. “É imprescindível que os motoristas olhem antes de mudar de faixa e os motociclistas devem circular afastados dos veículos”, alerta o diretor da Perkons. Já os caminhões e ônibus têm amplas áreas de pontos cegos, devido às grandes dimensões. Os outros veículos devem evitar circular muito próximos a eles, especialmente na lateral direita. A dica de Campos é: se você enxergar o rosto do caminhoneiro ao olhar no retrovisor do caminhão, significa que se você o vê bem, ele também te vê.

Objetos refletores são alternativas para ciclistas e pedestres

Pedestres e ciclistas são mais frágeis e difíceis de serem visualizados, especialmente durante a noite. O uso de objetos refletores na bicicleta ou na roupa ajuda a melhorar a visibilidade. Sinalizar as intenções também é importante para manter a segurança do ciclista. Já aos pedestres é indicado evitar cruzar as ruas em locais que dificultem a sua visualização, como atrás de árvores, postes ou outros veículos.

Alguns países europeus, os Estados Unidos e o Canadá recomendam e/ou exigem que os pedestres que trafegam à noite usem refletores na roupa. Na cidade Calgary, em Alberta, no Canadá, há a campanha "Look out for each other" (“Estejam atentos uns aos outros”) com o objetivo de mostrar a importância de ser visto com antecedência.

O corretor de seguros Guilherme Schneider Gleich, é ciclista há 16 anos e sempre teve preocupação com a segurança. Quando criança, ele viajava com seus pais, quase todo fim de semana, para conhecer o litoral sul do país de bicicleta. Na época, os equipamentos eram bem mais caros e apenas ciclistas profissionais tinham o costume de usá-los. “Adaptávamos equipamentos de motocicleta, como o retrovisor, pois os disponíveis nas lojas eram pequenos e não proporcionavam uma visibilidade adequada. Parecíamos ‘ETs’ usando capacetes, luvas e lanternas nas bicicletas”, recorda.

Hoje, a bicicleta do corretor é equipada com diversos tipos de luzes. Além disso, ele usa roupas coloridas e capacetes com refletores nos passeios. “Minha bike parece um carro alegórico de carnaval. Tenho o costume de manter ligadas as luzes durante dias ensolarados também, pois dá a garantia de ser visto no trânsito e, assim, tornar o trajeto mais seguro”, afirma.

Para bicicletas, o inciso VI artigo 105 do CTB exige espelho retrovisor do lado esquerdo, campainha e sinalização noturna composta de retrorrefletores.

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