A difícil convivência entre ciclistas e motoristas

Ciclistas e motoristas
                                                             Ciclistas e motoristas


Na manhã do dia 02 de março de 2012, um atropelamento, em plena Avenida Paulista, em São Paulo, vitimou fatalmente a bióloga Juliana Dias, 33 anos, e chamou a atenção da sociedade para um problema latente nas grandes metrópoles brasileiras, o difícil convívio entre bicicletas e automóveis. Juliana pedalava em direção ao trabalho e, em meio a discussões com motoristas impacientes, se desequilibrou e caiu na faixa exclusiva de ônibus, sendo atropelada por um coletivo.

Amplamente difundidas nas cidades do interior do Brasil, as bicicletas são um meio de transporte individual simpático, não poluente, barato e ainda contribuem para o condicionamento físico de quem pedala. Mas mesmo com todas estas vantagens, as bikes ainda não conquistaram seu espaço nas ruas das grandes metrópoles. Ativistas denunciam o que já é óbvio nas metrópoles: motoristas de veículos automotores não respeitam ciclistas. São Paulo, com seu trânsito caótico, apresenta congestionamentos monstruosos, e a falta de espaço entre os veículos também é sentida na pele por ciclistas que se aventuram pelas ruas da capital. Dentro deste contexto, a falta de respeito ao ciclista é evidente tornando perigosa uma simples travessia em qualquer via movimentada da cidade. Os ciclistas alegam que motoristas não respeitam a distância prevista no Código de Trânsito Brasileiro.

De acordo com a lei, o motorista deveria manter uma distância de 1,5 m ao passar por ciclistas. Esta invasão de espaço pode ter contribuído para a morte de Juliana Dias. Para o urbanista dinamarquês Mikael Colville_Anderson, São Paulo é a segunda cidade no mundo em que pedalar representa uma atividade de risco. Colville_Anderson esteve em São Paulo para iniciar um programa de incentivo ao uso da bicicleta no trajeto escola-casa, junto às crianças da rede municipal de ensino, O urbanista se espelha no exemplo de Copenhague, considerada a cidade mais amigável do mundo para os ciclistas.

O transporte por bicicletas, apesar de amplamente difundido em pequenas cidades do interior do país, ainda não emplacou em municípios com mais de 1 milhão de habitantes. Segundo a Associação Nacional dos Transportes Públicos, apenas 1% dos deslocamentos são realizados em bicicletas. Apesar dos números insignificantes, a utilização das magrelas aumentou consideravelmente. Em São Paulo a taxa de rejeição à bicicleta junto a população foi de apenas 13%, em 2011. Estes números demonstram que se houvessem políticas publicas de incentivo ao uso das bicicletas, os deslocamentos a bordo delas seriam mais constantes. Cidades como Paris, Amsterdã, Londres, Berlim e até Bogotá, implementaram com sucesso políticas de incentivo ao uso das bicicletas. No Brasil, a implementação de políticas publicas significaria, a exemplo destas cidades, em restrição ao trânsito de veículos e programas de conscientização junto a comunidade. O desafio de se incentivar o uso de bikes nas metrópoles passa pela reeducação da sociedade e na aplicação de políticas publicas concretas e muitas vezes impopulares, o que causa aversão a muitos governantes que pouco se preocupam com a população.

Investimentos na construção de ciclofaixas, estacionamentos exclusivos para bicicletas e a modernização do transporte publico são cruciais o incentivo a pedalar. Exemplos como de Londres, que criou o pedágio urbano, ou Paris que reduziu o numero de vagas para automóveis, não são vistas com bons olhos pela política tupiniquim. Vai chegar o momento em que a prática do empurrar o problema para a próxima administração acabará, tornando inevitável a adoção de medidas impopulares. Enquanto estas medidas não tomam forma, resta ao ciclista a arriscada aventura de pedalar em meio as feras motorizadas. Uma tarefa árdua para quem apenas optou por um meio de transporte simples, saudável e barato.
ciclistas e pedestres
                                                          ciclistas e pedestres


Quando o ciclista não respeita o pedestre

Apesar da falta de respeito por parte dos condutores de automotores, os ciclistas também possuem sua parcela de culpa neste cenário caótico. É possível avistarmos ciclistas trafegando entre as faixas de rolamento, em vias de trânsito rápido, em uma clara atitude de perigo para si e para os demais condutores. Estas ações apenas acentuam as diferenças entre ambas as partes. A falta de um espaço reservado para o tráfego de bicicletas também é um fator que agrava o problema e coloca em risco a segurança dos ciclistas. Na busca por espaço para trafegarem, os ciclistas acabam se arriscando entre os veículos em vias perigosas. Cabe ao ciclista também respeitar a sinalização de trânsito, não trafegando pela contra mão ou sem os equipamentos de segurança apropriados. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, a bicicleta também é um veículo inserido no sistema de trânsito e como tal, também deve seguir as regras de circulação contidas na lei.

Apesar das normas de trânsito, ainda falta regulamentação legal para a fiscalização de ciclistas em vias públicas. Cabe ao ciclista respeitar o pedestre, não trafegando pela calçada e acatando a sinalização, através do respeito aos sinais de semafóricos de travessia de pedestres. Da mesma forma que trafegar pelas ruas requer do ciclista atenção total em relação aos motoristas, o pedestre também é vítima de ciclistas despreparados que não respeitam seus direitos. Este cenário ainda é causado pela falta de espaço adequado ao ciclista e também pela inoperância do Poder Publico que ainda não viabilizou ao ciclista programas de educação e orientação no trânsito.

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